Fabianne Ribeiro Bonnet (1),
Daniele Muñoz Gianvecchio (2),
Victor Alexandre Percinio Gianvecchio (3),
Mariana da Silva Ferreira (4),
Eliete Coelho Bastos (5),
Daniel Romero Muñoz (6)
(1) Residente em Medicina Legal e Perícias Médicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Pós graduada em Medicina Legal e Perícia Médica da Faculdade de Medicina da USP.
(2) Professora do Curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da FMUSP; Médica Legista do Instituto Médico Legal de São Paulo (IML/SP); Coordenadora do Programa Bem-Me-Quer da Secretaria de Segurança Pública de SP.
(3) Professor do Curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da Faculdade de Medicina da USP; Professor de Medicina Legal e Bioética da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
(4) Médica Legista do Programa Bem-me-Quer do IML/SP.
(5) Médica Legista do IML/SP.
(6) Professor Titular de Medicina Legal, Medicina do Trabalho e Bioética da FMUSP.
Endereço para correspondência: Departamento de Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da FMUSP. LIM-40. Avenida Doutor Arnaldo, 455. São Paulo, SP. CEP 01246-903. Telefone: +55 (11) 3061-8407. E-mail: preceptoria_iof@yahoo.com.br.
INTRODUÇÃO: rotura himenal recente é um dos sinais de certeza de conjunção carnal. O sangramento é um dos indícios que surgem no caso de rotura himenal, porém, nem todas as lesões hemorrágicas em região genital são decorrentes de abuso sexual. Carúncula uretral é uma alteração que pode ser confundida com abuso sexual, pois dentre os sintomas apresentados, estão dor e sangramento. É uma lesão uretral polipóide benigna que ocorre quase exclusivamente em mulheres pós-menopausadas, mas também pode aparecer em crianças e forma uma lesão de massa focal. O presente trabalho objetiva descrever um caso clínico raro de criança com sangramento vaginal, decorrente de carúncula uretral, que foi confundido com abuso sexual, pelo médico assistente.
MÉTODO: relato de caso subsidiado por pesquisas nas principais bases de dados.
MARCO CONCEITUAL: apesar de rara, a carúncula uretral pode cursar com sangramento vaginal e, portanto, confundida com abuso sexual. Resultados: Criança do sexo feminino, sete anos, neuropata, acamada em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, apresentou sangue em fralda reportado pela enfermagem. O exame ginecológico realizado pela médica assistente constatou alteração himenal, com hipótese diagnóstica de abuso sexual, levando ao acionamento da assistência social e da polícia. Ao exame médico pericial foi constatada carúncula uretral.
CONCLUSÃO: nem todo sangramento genital decorre de violência sexual, desta forma, é imprescindível que o médico legista avalie corretamente os genitais externos e o hímen da pericianda e tenha conhecimento desta alteração que pode cursar com sangramento e levar erroneamente ao diagnóstico de rotura himenal. Por outro lado, não há nenhuma publicação de carúncula uretral como um diagnóstico diferencial de abuso sexual, no caso de sangramento vaginal em meninas pré-púberes, levando à reflexão de que, para que achados clínicos sejam reconhecidos, é necessário que sejam inicialmente conhecidos, evitando imprecisões diagnósticas.
REFERÊNCIAS:
COSTA, A.M. Integralidade na atenção e no cuidado a saúde. Saude soc., São Paulo, v.13, n.3, p.5-15, Dec. 2004. DOI: 10.1590/S0104-12902004000300002.
EMANS S.J., LAUFER M.R., GOLDSTEIN D.P. Ginecologia na infância e adolescência. 5. ed. São Paulo: Roca; 2008.
HORNOR G. Common Conditions That Mimic Findings of Sexual Abuse. Journal of Pediatric Health Care. Estados Unidos, v.23, n.5, p. 283-8, 2008. DOI: 10.1016/j.pedhc.2008.05.003.