Fabrício Wilsmann Curi Pereira (1)
Fernanda Garske Almansa (1)
Tiago Cecchini (1)
Rafaela Pasini (1)
Eduardo Ekman Tisbierek (1)
Carin Burtet (1)
Vitor Alves (2)
André Cecchini (3)
(1) Alunos de Medicina da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA-Canoas)
(2) Perito Médico Legista PML/Canoas
(3) Professor de Medicina Legal e Deontologia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA-Canoas)
Introdução
O suicídio é o ato intencional de matar-se, frequentemente associado à sazonalidade: um fenômeno multifatorial relacionado às horas de luz solar. É uma das três maiores causas de óbito na faixa de 15 a 35 anos1 e, somado ao impacto à vida social do meio em que ocorre, mostra-se um problema de saúde pública. Este estudo visou avaliar a influência da sazonalidade nos autocídios em pacientes atendidos no Posto Médico Legal de Canoas no período de 2011 a 2015.
Metodologia
Estudo retrospectivo e transversal no Posto Médico Legal do Hospital Universitário da Ulbra (PML-C), em Canoas/RS, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Luterana do Brasil, CAAE:73909117.4.0000.5349.
Conduzido por meio da análise quantitativa das informações contidas no sistema informatizado do PML-C. Foram incluídos na pesquisa os indivíduos que praticaram o suicídio na região metropolitana de Porto Alegre, entre 2011 a 2015. A coleta de dados foi feita pela análise dos prontuários, contabilizando uma amostra de 221 pacientes. Variáveis analisadas: idade, sexo, etnia e mecanismo do suicídio que foram comparados com as estações do ano, consideradas: Primavera (23/09-21/12), Verão (21/12-21/03), Outono (21/03-21/06) e Inverno (21/06-23/09).
Marco conceitual
Em relação ao suicídio com a sazonalidade encontram-se poucos estudos epidemiológicos e dados contraditórios, tendo autores discordantes 2,3, fazendo-se necessários mais estudos sobre o assunto.
Resultados
Dos 221 casos destaca-se: 82,9% homens, 93,2% etnia branca e idade média de 44 anos. A prevalência do tipo de suicídio encontrada foi o enforcamento (66,5%) seguido do uso de arma de fogo (20,4%). Observa-se uma incidência de suicídio nas seguintes distribuições: 24,9% primavera; 27,6% verão; 26,2% outono; 21,3% inverno.
Conclusão
A sazonalidade é fator de risco para o suicídio, concordando com pesquisas que identificaram picos de maior incidência durante meses de maior insolação3 (primavera-verão). A luz interage com o neurotransmissor serotonina afetando o humor, e a exposição à luz solar pode influenciar comportamentos como impulsividade e agressividade4. Contudo, a pequena diferença obtida neste estudo nos leva a dados ainda inconclusivos, fazendo-se necessários novos estudos.
Referências bibliográficas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Organização Mundial da Saúde. Prevenção do suicídio: um manual para médicos clínicos gerais. Genebra: OMS; 2000.
CHEW, Kenneth SY; MCCLEARY, Richard. The spring peak in suicides: a cross-national analysis. Social science & medicine, v. 40, n. 2, p. 223-230, 1995.
AGUGLIA, Andrea et al. Involuntary admissions in Italy: the impact of seasonality. International journal of psychiatry in clinical practice, v. 20, n. 4, p. 232-238, 2016.
ROVESCALLI, Alessandra C. et al. Effect of different photoperiod exposure on [3H] imipramine binding and serotonin uptake in the rat brain. Journal of neurochemistry, v. 52, n. 2, p. 507-514, 1989.