Emilio Zuolo Ferro1, Victor Alexandre Percinio Gianvecchio2, Fernando Itri3, Cecília Imada3, Daniele Muñoz Gianvecchio4, Juliana Braghetto5, Daniel Romero Muñoz6
- Médico Residente de Medicina Legal e Perícia Médica do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
- Médico Legista, Diretor do Laboratório de Toxicologia do Instituto Médico Legal de São Paulo. Professor de Medicina Legal e Pericias Médicas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
- Perito Criminal
- Médica Legista do Instituto Médico Legal de São Paulo
- Médica Residente de Medicina Legal e Perícia Médica do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
- Professor Titular do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Email: preceptoria_iof@yahoo.com.br
RESUMO
Introdução: A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou para o ano de 2005, aproximadamente 3 milhões de envenenamentos humanos por pesticidas ao ano, em todo o mundo, com mais de 220 mil mortes relatadas. Entre os inseticidas, os carbamatos e os organofosforados estão entre os mais utilizados na produção agrícola e nos ambientes domésticos, colocando-se entre os principais agentes tóxicos relacionados aos casos de intoxicação aguda humana, em situações acidentais ou não (de propósito homicida ou tentativas de suicídio), dada a alta toxicidade de alguns desses compostos por sua ação anticolinesterásica. Compostos granulares altamente tóxicos, como o aldicarb, são mais facilmente acrescentados em iscas para roedores ou misturados em alimentos e bebidas com a finalidade criminosa de intoxicar animais ou até mesmo pessoas. Metodologia: Relato de caso e revisão de literatura. Objetivo: Avaliar a possibilidade de identificação de substâncias tóxicas mesmo quando ingerida em pequenas quantidades. Resultado: Perícia realizada em J.S.S., masculino, 39 anos. A ingestão do veneno ocorreu durante o horário de almoço no local de trabalho. A comida de J.S.S. foi preparada por sua companheira F.M.G.B. e colocada dentro de uma marmita térmica. Na ocasião do almoço, a vítima iniciou a ingestão do alimento, mas notou que sua comida apresentava um gosto amargo. Após esta constatação a marmita foi atirada ao chão e J.S.S. iniciou quadro de náuseas e vômitos. Foi socorrido e levado à Santa Casa local onde foi submetido a lavagem estomacal e a medidas de suporte. O restante do alimento constante na marmita atirada ao chão foi ingerido por um gato, que evoluiu para óbito. Em uma primeira triagem no sangue coletado obteve-se resultado negativo. Após identificação do aldicarb no estômago do felino, um exame mais refinado foi realizado no sangue da vítima, o que pode evidenciar a presença da substância tóxica. Conclusão: Com base nesses dados podemos dizer que a detecção de agente tóxico em material biológico (sangue) é possível a partir do refinamento do exame toxicológico, mesmo que a quantidade de veneno ingerido seja extremamente baixa.
Referências bibliográficas
- RighiII, Fabiana Galtarossa Xavier1 Dario Abbud, and Helenice de Souza SpinosaII. “Toxicologia do praguicida aldicarb (“chumbinho”): aspectos gerais, clínicos e terapêuticos em cães e gatos.” Ciência Rural 37.4 (2007).
- Rebelo, Fernanda Maciel, et al. “Intoxicação por agrotóxicos no Distrito Federal, Brasil, de 2004 a 2007-análise da notificação ao Centro de Informação e Assistência Toxicológica.” Ciência & Saúde Coletiva 16 (2011): 3493-3502.
- Cruz, Carla da Costa, et al. “Perfil epidemiológico de intoxicados por Aldicarb registrados no Instituto Médico Legal no Estado do Rio de Janeiro durante o período de 1998 a 2005.” (2012).