Alexandre dos Santos Wakim1, Gabrielle Ellert de Almeida2, Luan Salguero de Aguiar3, Carmen Sílvia Molleis Galego Miziara4
1Discente do curso de medicina da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) – email: ale_wakim@hotmail.com
2Discente do curso de medicina da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) – email: gabiealmeida94@ @hotmail.com
3Discente do curso de medicina da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) – email: luan.salguero@hotmail.com
4Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Medicina Legal e Perícias Médicas pela Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas. – email: carmen.miziara@hc.fm.usp.br
RESUMO
Introdução: Com o crescimento global da população idosa, atribuída em grande parte aos avanços da Medicina, novas questões médicas e sociais se tornaram presentes, e dentre estas a morte violenta desempenha importante papel. Método: Dessa forma, esse estudo objetivou verificar a taxa de mortalidade por causas externas de pessoas idosas ocorridas nos anos de 2015 e 2016 nas cidades de São Paulo e de Santo André, a partir de estudo descritivo transversal com dados dos BOs e dos exames necroscópicos realizados nos IMLs (Central e de Santo André) de pessoas idosas de 2015 e 2016, analisando características sociodemográficas e dados referentes ao local da violência e tempo entre o ocorrido e a morte. Marco conceitual: Nesse estudo foi considerada pessoa idosa aquela com idade acima de 60 anos. Resultados: Foram analisados 827 laudos, dos quais 679 foram incluídos, sendo 361 homens e 318 mulheres. No sexo feminino, 94,6% corresponderam a mortes por acidente, 3,9% à suicídio e 1,5% à homicídio, sendo majoritariamente viúvas, enquanto no masculino são casados, no qual representam 85,9%, 8,5% e 5,2%, respectivamente. As análises estatísticas desse trabalho trazem que o sexo, a etnia/cor, o grau de instrução e o estado civil dos idosos não influenciavam na causa externa da morte (sendo as mais prevalentes: queda, asfixia, arma de fogo, asfixia alimentar e acidente de carro). Todavia, tornou-se possível traçar um perfil dos idosos quando analisados o tipo de morte: Acidentes – Pessoas idosas casadas (em seguida, viúvas), que sofreram queda, sendo socorridas com vida no local, mas que morreram por complicação meta-traumática; Homicídios – Idosos do sexo masculino, que morreram no mesmo dia da violência, causadas por arma de fogo; Suicídio – Homens casados que cometem suicídio por asfixia, socorridos sem vida no local (morte imediata). Conclusão: Os dados obtidos nesse estudo mostraram que a maior parte dessas mortes ocorrem por acidentes evitáveis (quedas), provocados por atitudes negligentes do Estado e/ou de familiares. No entanto, a taxa de suicídio de homens idosos desperta preocupação e diverge com a literatura, que traz o casamento como fator de proteção. Assim, esse estudo traz elementos, embora que limitado, para que políticas públicas possam ser adotadas visando minimizar esse cenário de mortes de pessoas em condição de vulnerabilidade.
Referências bibliográficas
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- Miziara CSMG, et al. Silent victims: domestic violence against elderly in Brazil. Saúde, Ética & Justiça. 2015;20(1):1-8.
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