Leonardo Ávila Kian;
Marina Dellafina;
Matheus Felipe Figueiredo dos Santos;
Tayná Matos Schuetz;
Paulo Luiz Batista Nogueira.
RESUMO
Embora existam informações sobre a epidemiologia da violência sexual infantil, poucos estudos exemplificam as consequências relacionadas ao principal agravo físico, as características das lesões corporais sofridas, e o perfil predominante de agressores e vítimas. Assim, trata-se de um estudo epidemiológico descritivo do tipo transversal em que foram revisados prontuários de crianças menores de 14 anos vítimas de violência sexual atendidas no Instituto Médico Legal (IML) de Cuiabá/MT no ano de 2016. Os dados analisados foram: idade, gênero, município e cor de pele da vítima; gênero do agressor; e grau de parentesco com a vítima. Os aspectos da violência avaliados foram: forma de violência, tempo entre agressão e avaliação pela perícia e se houve violência de outra natureza precedendo a sexual. Esses dados foram submetidos a uma análise estatística descritiva, bivariada e analítica, utilizando planilhas do Microsoft Excel®. Para construção dos gráficos e tabelas , as variáveis foram transferidas para o programa Epi Info versão 7.2 e Microsoft Word® seguidos de análise e discussão dos resultados. Na análise bivariada foram identificadas associações entre as variáveis ato libidinoso e idade, grau de parentesco, gêneros da vítima e do agressor, e município e respectivos Intervalos de Confiança de 95% (IC 95%). Dos 195 prontuários analisados, a maioria das vítimas eram do sexo feminino (84,1%), pardos (57,85%), com idade entre 10 e 12 anos (29,23%). 74,87% das vítimas eram residentes da região metropolitana de Cuiabá (capital e Várzea Grande) e 25,13% das demais regiões do estado. A faixa etária predominante das vítimas é de até 09 anos, correspondendo a 51, 28% dos casos. Evidenciou-se que a maioria dos agressores foi do gênero masculino (96,05%). Além disso, 82,63% não apresentaram rotura himenal no exame ginecológico. Observa-se que em 85,71% das agressões, não houve violência de qualquer natureza para prática dos atos. Inclusive, 14,7% das violências geradas por um agressor masculino foram comprovados pela perícia médica. O estudo observou que grande parte das vítimas são do sexo feminino, pardas e com faixa etária predominante até os 9 anos, enquanto os agressores são do sexo masculino e com grau de parentesco com a vítima. Ademais, na minoria dos casos, o intervalo entre a violência e a perícia se deu dentro de 24 horas, sendo esta feita após um longo período do ato.
Referências bibliográficas
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