Viviane de Almeida Gonzaga (1)
Claudia Reis Miliauskas (2)
Fernanda Demôro Novis (3)
(1) Médica do trabalho e pós-graduanda em Perícia Médica pela Faculdade Unyleya;
(2) Médica psiquiatra, doutoranda do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IMS/UERJ);
(3) Mestre em Psiquiatria pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB)
Afiliação acadêmica: Unidade SIASS/MS/RJ, Marinha do Brasil; Unidade SIASS/MS/RJ, INMETRO; Unidade SIASS/MS/RJ
Endereço: Rua México, 48, sobreloja 1, sala 13- Centro Rio de Janeiro-RJ
E-mail: viviane.gonzaga@ig.com.br; claudiarmili@gmail.com; novisfernanda@gmail.com
RESUMO
GHS, 45 anos, auxiliar de enfermagem, lotada em Hospital Federal no Rio de Janeiro, comparece a perícia para avaliação e capacidade laborativa por recomendação superior em dezembro de 2016. Relatório da chefia informava comportamentos inadequados como coação religiosa frente a pacientes e colegas com recorrentes recusa de atendimentos e ideias persecutórias.
Admissão em 2009, com repetidas solicitações de relotação desde 2014. Durante a avaliação pericial, apresentou-se agitada, referindo ter sido encaminhada pela sua chefe com intuito de protegê-la visto que estaria sendo vítima de denúncias, pensamento com ideação delirante de cunho persecutório e religioso, não reconheceu ter qualquer problema de saúde. Foi licenciada do trabalho. Compareceu a perícia por consecutivas vezes, com quadro clínico mantido. Trouxe relatório emitido por psiquiatra em março/17 com diagnóstico de F22 conforme CID-X porém não deu continuidade ao tratamento.
Encaminhada a saúde do trabalhador na tentativa de auxiliar o engajamento da servidora ao tratamento. A equipe de saúde mental do referido setor tem feito repetidos contatos com os familiares, assim como com o centro de atenção psicossocial de sua região. A mesma vem se colocando em risco visto comportamentos agressivos com vizinhos e familiares. Foi levada para internação psiquiátrica pelo SAMU tendo sido negada a internação após avaliação na emergência psiquiátrica. O caso foi encaminhado em julho de 2018 ao Ministério Público.
Discussão:
Apesar dos transtornos psicóticos apresentarem baixa prevalência, menos de 1% ( Epidemiologia da saúde mental no Brasil), ela gera grande impacto social. É uma doença que inicia em adultos que estão começando sua vida laborativa (A epidemiologia da esquizofrenia) e, se não tiver boa adesão ao tratamento, poderá levar à invalidez precoce, inviabilizando o retorno definitivamente ao trabalho. Importante ao detectar caso semelhante, tentar conseguir adesão ao tratamento deste trabalhador, com a ajuda de uma equipe multidisciplinar e da família, para evitar invalidez precoce desse trabalhador.
Referências bibliográficas
- Mari, J. J. & Leitão, R. J. (2000). A epidemiologia da esquizofrenia. Revista Brasileira Psiquiatria 2000; 22 (Supl I) 15-7
- Mello, M. F de, Mello, A. de A. de A. F. de & Kohn, R. (2007). Epidemiologia da Saúde Mental no Brasil. Epidemiologia dos transtornos psiquiátricos em adultos (pp 119-141). Porto Alegre: Artmed.