Luan Salguero de Aguiar (1)
Carmen Sílvia Molleis Galego Miziara (2)
(1) Discente do curso de medicina da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) – email: luan.salguero@hotmail.com
(2) Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Medicina Legal e Perícias Médicas pela Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas. – email:
RESUMO
Introdução: A adolescência, período de transição da infância para a fase adulta, é caracterizada por grandes transformações, tanto físicas quanto psicológicas, que definirão o indivíduo para toda a vida. No entanto, eventos externos, como a violência sexual, podem influenciar negativamente a construção da personalidade e, dessa forma, comprometer sua qualidade de vida quando adulto.
Metodologia: Esse trabalho procurou descrever os impactos causados pela violência sexual durante a adolescência em universitários, a partir das análises estatísticas comparativas dos resultados obtidos pela aplicação de quatro questionários validados a estudantes universitários com e sem história pregressa de violência: Caracterização da Violência; Critério de Classificação Econômica do Brasil; Inventário de Depressão e Ansiedade de Beck; e Qualidade de Vida SF-36.
Marco conceitual: Maus tratos contra a criança e adolescente é um problema de saúde pública, sendo a violência sexual a que mais desponta nesse cenário, no qual o Brasil é um dos países com as maiores taxas.
Resultados: foram avaliadas expostas de 176 participantes, divididos em dois grupos: controle (GC) com 91 participantes sem história pregressa de violência na adolescência; e estudo (GE), com 85 participantes que foram vítimas de violência sexual na adolescência, sendo este predominantemente composto por público feminino. Quanto à distribuição do grau de proximidade da vítima com o agressor, a maioria aponta como sendo alguém desconhecido, seguido por familiar, colega de ambiente de trabalho e namorado(a). A análise estatística mostrou diferenças significativas nos níveis de qualidade de vida e presença de transtornos de humor entre os dois grupos avaliados. Os aspectos com piores escores foram: depressão e ansiedade; na qualidade dos aspectos sociais; e nos níveis emocionais. Assim, vê-se as repercussões negativas provocadas pela violência sexual, que permanecessem no indivíduo ao longo da vida.
Conclusão: Na população pesquisada, as análises demonstram que adolescentes vítimas de violência sexual evoluem com transtornos psíquicos sintomáticos de ansiedade e depressão e com baixos níveis de qualidade de vida, principalmente aqueles de caráter psicoemocional, como a qualidade dos aspectos sociais e os níveis emocionais.
Referências bibliográficas
- Estatuto da criança e do adolescente – Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília. DOU 16.7.1990 e retificado em 27.9.1990.
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