Camila Missiano (1)
Luan Salguero de Aguiar (2)
Carmen Sílvia Molleis Galego Miziara (3)
Ivan Dieb Miziara (4)
1 Discente do curso de medicina da Universidade Nove de Julho – Vergueiro SP (UNINOVE)
email: caamissiano@uni9.edu.br
2 Discente do curso de medicina da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC).
3 Professora do curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da FMUSP.
4 Professor Titular do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da FMUSP.
INTRODUÇÃO
População em situação de rua é composta por pessoas que têm em comum “extrema pobreza, vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular”, embora sejam heterogêneas entre si. Elas representam a maior exclusão social do país, isto é, não têm relação familiar ou afetiva, não se inserem no mercado de trabalho e não têm representatividade social efetiva. Este estudo teve por objetivo mostrar o perfil de pessoas que foram atendidas nos IMLs de São Paulo e identificadas pela autoridade policial como em situação de rua.
MÉTODO
Levantamento de dados do GDL entre 2015 e 2017.
MARCO CONCEITUAL
Nos últimos dois anos, houve crescimento de 66% de pessoas vivendo nas ruas de São Paulo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram selecionados 693 laudos, com maior prevalência entre 31 e 60 anos (pico entre 46 a 50 anos), predomínio do sexo masculino (90,76%), sem diferença nos anos analisados (p=0,424), com cor da pele predominantemente parda (p=0,008) e apenas 8,95% com referência de uso de drogas ou álcool, principalmente no sexo masculino (p<0,001). As principais causas de mortes declaradas nos laudos necroscópicos foram infecções (45,38%) e doenças cardiovasculares (21,12%). Mortes externas mais descritas: metatraumáticas (2,74%), trauma por instrumento contundente (11,98%), ferimento perfurocortante (1,44%), ferimento perfurocontuso (0,3%) e intoxicação exógena (2,45%), especialmente por cocaína isolada ou em associação com outras drogas e os locais de mortes foram em hospitais (57,58%) ou em via pública (34,78%). As mortes ocorreram principalmente no outono (p<0,001), justificado na literatura pela maior frequência de infecções por arbovírus, urinárias e por alimentos contaminados em períodos com baixa umidade do ar com alta concentração de poluentes e oscilações de temperatura, como ocorrido nos meses do outono dos anos de 2015 a 2017, bem como doenças cardiovasculares e respiratórias.
CONCLUSÃO
Este estudo comprova que as mortes prematuras de pessoas em situação de rua não são devidas à violência, mas por doenças naturais que poderiam ter sido evitadas ou controladas se houvesse políticas públicas adequadas para esta população.
Referências bibliográficas
REFERÊNCIAS
1.Brasil. Decreto nº 7.053 de 23 de dezembro de 2009. DOU 23 dez 2009.
2.Folha de São Paulo. Com crise cresce população de situação de rua em SP. Publicado em 22/06/2019. https://www.conversaafiada.com.br/brasil/populacao-de-rua-cresce-66-em-sao-paulo2
3.Pesquisa estima que o Brasil tem 101 mil moradores de rua. [citado 16 ago 2019]. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=29303