Resumos

RESILIÊNCIA, QUALIDADE DE VIDA E MORBIDADES PSÍQUICAS EM MÉDICOS: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS SEXOS

Jessica Ferreira de Oliveira (1)
Caroline Machado Daitx (2)
Carmen Silvia Molleis Galego Miziara (3)
Daniele Muñoz Gianvecchio (4)
Daniel Romero Muñoz (4)

1 Médica Residente de Medicina Legal e Perícia Médica do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

2 Médica Residente de Medicina Legal e Perícia Médica do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da FMUSP.

3 Professora do curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da FMUSP.

4 Professora do curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da FMUSP.

5 Professor Titular do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da FMUSP.

Contato: Departamento de Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da FMUSP. LIM-40. Av. Dr. Arnaldo, 455 – Cerqueira César. CEP: 01246-903. São Paulo-SP. Telefone: (11) 3061-8407. Email: preceptoria_iof@yahoo.com.br

 

INTRODUÇÃO

A resiliência é um conceito amplamente discutido que pode ser entendido como o conjunto de processos sociais e intrapsíquicos que possibilitam o desenvolvimento saudável do indivíduo diante de vivências desfavoráveis (1). É especialmente importante entre os médicos, que apresentam maiores taxas de suicídio e menor expectativa de vida em comparação com trabalhadores de outras profissões, principalmente as mulheres médicas (2,3). O objetivo deste material foi comparar a resiliência, a qualidade de vida e sono e o sofrimento mental de médicos quanto ao sexo, idade, estado civil e número de filhos.

METODOLOGIA

Estudo prospectivo descritivo realizado através da aplicação de 7 questionários (identificação, CCEB 2018, SRQ-20, WHOQOL-bref, CDRISC10, AUDIT e PSQI) por meio de formulário online abordando condições sociodemográficas, pessoais e familiares de médicos da região metropolitana de São Paulo.

MARCO CONCEITUAL

Trata-se de questões altamente prevalentes e em fase de expansão, que são a qualidade de vida e a morbidade psíquica de médicos, sendo a compreensão da resiliência de fundamental importância para entendê-los.

RESULTADOS

Participaram 109 médicos, sendo 56,9% mulheres e 43,1% homens. A idade variou de 24 a 70 anos, com média de 36 anos. A idade e o tempo de formação foram inferiores nas mulheres em relação aos homens. A população analisada se mostrou predominantemente jovem, solteira, sem filhos, branca e cristã, e 50,5% pertencia ao estrato econômico A. As médicas apresentaram média das pontuações de resiliência de 26,6 (máximo de 40), piores que os profissionais do sexo masculino (28), além de maior sofrimento mental, menor percepção de qualidade de vida, maior abuso de álcool e pior qualidade do sono. O maior número de filhos mostrou-se fator protetor contra o sofrimento mental. Em contrapartida, o estado civil separado acarretou estatísticas preocupantes para o sexo masculino. CONCLUSÕES: As médicas mostraram menor resiliência (ferramenta fundamental para lidar com elementos estressores) do que os profissionais do sexo masculino. Infere-se que as mulheres que ingressam na Medicina são mais propensas ao desgaste emocional da vida diária, o que se comprova pela análise dos demais questionários. Não se pode, entretanto, considerar como satisfatórios os escores dos questionários para os homens, pois há mais fatores a considerar além do sexo.


Referências bibliográficas

REFERÊNCIAS

  1. Pesce RP, Assis SG, Avanci JQ, Santos NC, Malaquias JV, Carvalhaes R. Adaptação transcultural, confiabilidade e validade da escala de resiliência. Cad Saúde Púb. 2005:21; p436-448.
  2. Araki S, Murata K, Kumagai K, Nagasu M. Mortality of medical practitioners in Japan: social class and the “healthy worker effect”. Am J Ind Med. 1986:10; p91-99.
  3. Gracino ME, Zitta ALL, Mangili OC,Massuda EM. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saúde Debate. 2016:40; p. 244-263.