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COVID-19: ACHADOS CEREBRAIS OBSERVADOS EM AUTÓPSIAS

Os autores informam não haver conflito de interesse.

Nathalia Gomes Rodi (1)

Beatriz Mantovan Maziero (1)

Éric Edmur Camargo Arruda (1)

Carmen Silvia Molleis Galego Miziara(1)

(1) Universidade Nove de Julho. Mauá, São Paulo.

e-mail: nathirodi@uni9.edu.br

INTRODUÇÃO

O mundo enfrenta uma pandemia causada pelo SARS-CoV-2, e apesar de os principais alvos serem os pulmões, é comum a apresentação de sintomas neurológicos em pacientes com Covid-19. A necropsia é um meio de identificar doenças decorrentes do Covid-19, sendo importante para compreender os mecanismos fisiopatológicos e as manifestações clínicas. O objetivo desse estudo foi descrever os achados neurológicos vistos em necropsias de pacientes diagnosticados com Covid-19.

MÉTODO

Trata-se de uma revisão de literatura integrativa com busca de artigos em bases de dados de livre acesso. Foram utilizados os descritores “covid-19”, “autopsy” e “brain” e selecionados artigos obtidos na íntegra, revisados por pares e em idioma inglês. A amostra desta revisão constituiu-se de 18 artigos.

MARCO CONCEITUAL

Invasão de tecido cerebral pelo coronavírus e suas consequências anatomopatológicas encontradas em necropsia.

RESULTADOS

A literatura aponta alterações encefálicas importantes detectadas postmortem em pacientes diagnosticados com Covid-19. Entre os achados, há prevalência de hipóxia aguda cerebrais e cerebelares; hiperemia e edema cerebral; lesões indicativas de acidente vascular isquêmico recente; lesões hemorrágicas subcorticais; alterações edematosas córtico-subcorticais compatíveis com síndrome da encefalopatia posterior reversível (PRES) e arteriosclerose de vasos basais. Foram encontrados, também, sinais de neurodegeneração, evidenciados pela neurofagia e astrogliose, e presença de bulbos olfatórios assimétricos. Foram detectados SARS-CoV-2 e proteínas virais em cérebros de pacientes, sugerindo que o vírus consegue se infiltrar no sistema nervoso central. Por fim, uma análise postmortem revelou que os genes que mais demonstram contribuir com a entrada e persistência viral nas células foram ACE2, TMPRSS2, TPCN2, TMPRSS4, NRP1, e CTSL, que são expressados em neurônios, células da glia e células endoteliais, sendo estes os tipos celulares do SNC mais propensos à infecção por SARS-CoV-2.

CONCLUSÃO

Achados neuroinflamatórios associados ao diagnóstico de Covid-19 são comuns em necropsias, porém ainda não se têm evidências exatas de quais são as consequências sobre o tecido nervoso.


Referências bibliográficas

  1. Bian X-W. Autopsy of COVID-19 patients in China. Oxford Academic: National Science Review, [s. l.], v. 7, n. 9, September 2020. Disponível em: https://academic.oup.com/nsr/article/7/9/1414/5854209. Acesso em: 3 nov. 2020.
  2. Coolen T et al. Early postmortem brain MRI findings in COVID-19 non-survivors. Medrxiv: The prepint server for health sciences, [s. l.], 8 maio 2020. DOI https://doi.org/10.1101/2020.05.04.20090316. Disponível em: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.05.04.20090316v1. Acesso em: 3 nov. 2020.
  3. Matschkemda J et al. Neuropathology of patients with COVID-19 in Germany: a post-mortem case series. The Lancet: Neurology, [s. l.], v. 19, p. 919-929, November 2020. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1474442220303082. Acesso em: 10 nov. 2020.
  4. Mehta S. BRAIN autopsies in fatal COVID-19 and postulated pathophysiology: more puzzling than a Rubik’s cube. Destinatário: Journal Clinical of Pathology. [S. l.], 2020. letter. Disponível em: https://jcp.bmj.com/content/early/2020/09/08/jclinpath-2020-206967. Acesso em: 10 nov. 2020.