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LESÕES MONGÓLICAS QUE PODEM MIMETIZAR LESÕES CORPORAIS: RELATO DE CASO

Os autores informam não haver conflito de interesse.

Maria Clara Cardoso Seba (1)

Julia Ribeiro Targa de Lima (1)

Fabiana Iglesias de Carvalho (1)

Carmen Sílvia Molleis Galego Miziara (1)

Ivan Dieb Miziara (1)

(1) Acadêmico da Faculdade de Medicina do ABC, Votuporanga, São Paulo, Brasil

email: mariaclaracseba@hotmail.com

INTRODUÇÃO

As manchas mongólicas são condições dermatológicas congênitas, frequentemente, observadas no período neonatal resultantes da migração de melanócitos para a derme durante a embriogênese. São manchas cinzento-azuladas localizadas, tipicamente, em região lombossacra, que tendem a regredir nos primeiros anos de vida. Lesões de pele são sinais frequentes em maus-tratos infantil, dessa forma as manchas mongólicas podem ser interpretadas de forma equivocada como equimoses, que possibilitaria um falso diagnóstico. Esse estudo tem por objetivo descrever um caso que foi equivocadamente atribuído a maus-tratos pela presença de manchas mongólicas em locais atípicos.

METODOLOGIA

Relato de caso: criança do sexo masculino, 9 meses, com quadro de febre, choro e irritabilidade iniciados há dois dias. Dados gestacionais e de parto: quarta gestação do casal, parto cesáreo, 35ª semana, peso adequado para a idade gestacional e Apgar 9/10. Sem morbidades e com desenvolvimentos neuropsicomotor e pondoestatural normais. Após exames clínico e de imagem, foi descartada infecção, mas suspeitaram de maus-tratos devido à presença de manchas cinzento-azuladas em região dorsal baixa, nádegas, punhos e tornozelos, de tamanhos variados, planas, com bordas nítidas e que desapareciam à digitopressão. A criança foi internada e o Conselho Tutelar foi acionado.

MARCO CONCEITUAL

Diagnóstico diferencial de manchas mongólicas com equimose.

RESULTADOS

As manchas mongólicas são condições dermatológicas congênitas ligadas à ascendência, à pele mais pigmentada (72 a 89%) e às puérperas primíparas, geralmente localizadas em região lombossacra e nádegas. Tendem a regredir nos primeiros anos de vida. Elas podem ser confundidas com equimose quando localizadas em locais atípicos, mas, diferentemente das equimoses, elas têm bordos delimitados, são planas e não sofrem mudança de pigmentação, enquanto as equimoses são manchas resultantes de trauma e cursam com mudanças de cor com o passar dos dias.

CONNSIDERAÇÕES FINAIS

O diagnóstico equivocado de equimoses como resultantes de maus-tratos pode levar a consequências graves e dramáticas para o paciente e familiares, além de sobrecarregar o sistema público. Por isso, faz- se indispensável que os profissionais de saúde saibam diferenciar manchas mongólicas de lesões decorrentes de maus-tratos infantil.


Referências bibliográficas

  1. ALJASSER, M.; AL-KHENAIZAN, S. Cutaneous mimickers of child abuse: a primer for pediatricians. European Journal of Pediatrics, v. 167, n. 11, p. 1221–1230, nov. 2008.
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  2. KRÜGER, E. M. M. et al. DERMATOSES IN THE EARLY NEONATAL PERIOD: THEIR ASSOCIATION WITH NEONATAL, OBSTETRIC AND DEMOGRAPHIC VARIABLES. Revista Paulista de Pediatria, v. 37, n. 3, p. 297–304, set.
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