Os autores informam não haver conflito de interesse.
Jessyman de Lara França de Carvalho (1)
Jennifer Lais Tomaz de Oliveira (1)
Éric Edmur Camargo Arruda (1)
Carmen Silvia Molleis Galego Miziara (1)
(1) Universidade Nove de Julho. Mauá, SP.
e-mails: jessymalara@un9.edu.br.
INTRODUÇÃO
A infecção pelo novo betacoronavirus, denominado de SARS-CoV-2, foi primeiramente noticiada na China, Wuhan, em dezembro de 2019, chegando ao Brasil em fevereiro de 2020 e em março atinge o status de pandemia global, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, acometendo milhões de pessoas em graus variados de gravidade, talvez por influência de fatores genéticos, mas, levando milhares à morte em todo o planeta. A complexa patogênese do vírus provoca intensa reação inflamatória sistêmica que não se restringe ao sistema respiratório. Até o momento, pouco se sabe sobre as consequências tardias dessa doença em pacientes “curados”.
OBJETIVO
O presente estudo teve como foco relatar as principais sequelas pós-covid potencialmente capazes de comprometer negativamente a capacidade laborativa.
MÉTODO
Revisão narrativa de literatura, com busca de artigos (os doze mais relevantes) nas principais bases de dados, entre fevereiro e agosto de 2020. Descritores aplicados: coronavirus; infecção por coronavirus; estatística de sequela e incapacidade; desempenho laboral.
MARCO CONCEITUAL
Manutenção da incapacidade laborativa pós-covid-19.
RESULTADOS
As principais sequelas apresentadas por pacientes que manifestaram quadro respiratório grave na fase aguda da doença foram: fibrose pulmonar; miocardite com perda da função sistólica e arritmia; declínio cognitivo (memória, atenção e função executiva); déficit motor; déficit visual; transtorno de humor e psicose. Pessoas que não tiveram a doença ou com manifestações não graves também desenvolveram transtornos mentais, muito provavelmente associados ao isolamento social. A persistência de fadiga e dispneia também foi citada por 87,4% dos pacientes, conforme estudos italiano e americano, assim como a permanência de anormalidades radiológicas três meses após o diagnóstico da doença.
CONCLUSÃO
Trata-se de uma condição recente, com poucos estudos relacionando o COVID, a vida psicossocial e o trabalho dos pacientes recuperado. No entanto, há evidencias que relatam ocorrências de sequelas (pulmonares, cardiovasculares, neurológicas, sensoriais.) que devem ser mais aprofundadas em estudos. Certamente, os médicos peritos devem considerar a possibilidade de que alguns periciados persistem com incapacidade laboral parcial ou total além da fase aguda da doença.
Referências bibliográficas
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