A quarentena, imposta a partir de 24 de março de 2020 em São Paulo, devido à pandemia pela COVID-19 trouxe grandes problemas sociais e econômicos, que juntos aumentaram o risco para transtornos mentais.

Resumos

Estudo sobre a correlação entre taxas de suicídio e a Pandemia de Covid-19

Carlos Henri Gomes Filho(1)

Ricardo dos Santos Zuza(2)

Orlando Victorino de Moura Junior(3)

Luan Salguero de Aguiar(4)

Carmen Silva Molleis Galego Miziara(5)

(1-5). Faculdade de Medicina da USP/ Instituto Oscar Freire.

Introdução: A quarentena, imposta a partir de 24 de março de 2020 em São Paulo, devido à pandemia pela COVID-19 trouxe grandes problemas sociais e econômicos, que juntos aumentaram o risco para transtornos mentais.

Metodologia: Estudo descritivo realizado com dados de morbidade hospitalar do SUS (SIH/SUS) por causas externas e por local de internação, do estado de São Paulo (site http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sih/cnv/fisp.def.) nos períodos de abril a dezembro de 2017 a 2020, com aplicação da CID 10 – X60 a X84. Foram estabelecidos dois grupos: pré-pandemia (2017 a 2019); e pós-pandemia (2020). Os dados foram analisados através do programa estatístico SPSS® Version 22.2.

Marco conceitual: Situação de pandemia é fator de risco para autolesão suicida.

Resultado: Foram obtidos dados de 10.249 internações e 420 óbitos por lesões autoprovocadas voluntariamente. A média de internações foi maior taxa no período pré-pandemia (287 internações por mês) em comparação com o da pandemia (241,5 internações por mês) (t(34)= 2,631; p=0,013); por sua vez, a média de mortes no período pós-pandemia foi maior (14 óbitos por mês) (t(34)= -3,274; p=0,002) que no pré-pandemia (11 óbitos por mês). A média de internações não mostrou diferença entre os sexos (p=0,783), porem predominou nas faixas etárias de 20 a 39 anos (p=0,022) e em pessoa de cor de pele branca (p=0,029), mas sem diferenças entre os anos analisados. Quantos os óbitos, houve maior incidência do sexo masculino (p=0,041), nas faixas etárias de 20 a 49 anos (p=0,032) e de pessoa de cor de pele branca (p=0,039); também não houve diferença entre os períodos de pré-pandemia e de pandemia.

Considerações finais: Os resultados mostraram que não houve diferença significante na média de internações por lesões autoprovocadas voluntariamente entre os períodos pré e pós-pandemia, entretanto a média de óbitos por suicídio foi superior no período de pandemia. Em todos os anos analisados homens, jovens e de pele de cor branca foram os mais prevalentes. Isso pode significar maior efetividade da autolesão suicida durante a pandemia.


Referências bibliográficas

  1. Fitzpatrick KM, Harris C, Drawve G. How bad is it? Suicidality in the middle of the COVID-19 pandemic. Suicide Life Threat Behav. 2020 Dec;50(6):1241 1249. doi: 10.1111/sltb.12655. Epub 2020 Jul 14. PMID: 32589799; PMCID: PMC7361329.
  2. Kawohl, W and Nordt, C (2020) COVID-19, unemployment, and suicide. The Lancet Psychiatry 7, 389–390.CrossRefGoogle ScholarPubMed
  3. Wand APF, Zhong BL, Chiu HFK, Draper B, De Leo D. COVID-19: the implications for suicide in older adults. Int Psychogeriatr. 2020 Oct;32(10):1225 1230. doi: 10.1017/S1041610220000770. Epub 2020 Apr 30. PMID: 32349837; PMCID: PMC7235297.
  4. McIntyre RS, Lee Y. Preventing suicide in the context of the COVID-19 pandemic. World Psychiatry. 2020 Jun;19(2):250-251. doi: 10.1002/wps.20767. PMID: 32394579; PMCID: PMC7214950.
  5. McIntyre RS, Lee Y. Projected increases in suicide in Canada as a consequence of COVID-19. Psychiatry Res. 2020 Aug;290:113104. doi: 10.1016/j.psychres.2020.113104. Epub 2020 May 19. PMID: 32460184; PMCID: PMC7236718