O trauma cranioencefálico (TCE) em pacientes pediátricos é causa de alto percentual de internações no país, com consequentes morbimortalidade. Esse estudo teve o objetivo de descrever as taxas de internações e mortalidade por TCE em crianças e adolescentes, de acordo com as regiões brasileiras, de 2018 a 2020.

Resumos

PERFIL DOS TRAUMATISMOS CRANIOENCEFÁLICOS NA POPULAÇÃO PEDIÁTRICA: Dados de 2018 a 2020

Veronica Paduam(1)

Aline Reis Amoroso Garriga(2)

Rayssa Moura Segamarchi Chaves(3)

Luan Salguero de Aguiar(4)

Carmen Sílvia Molleis Galego Miziara(5)

Ivan Dieb Miziara(6)

(1). Discente do curso de Medicina da Universidade Nove de Julho, email: veve.paduam@uni9.edu.br

(2). Discente do curso de Medicina da Universidade Nove de Julho, e-mail: aline.amoroso@uni9.edu.br

(3). Discente do curso Medicina da Universidade Nove de Julho, e-mail: rayssamou_ra@uni9.edu.br

(4). Discente do curso de medicina da Faculdade de Medicina do ABC, e-mail: luan.salguero@hotmail.com. Endereço: Rua Itapiru, 478, apto 64. Saúde, São Paulo – SP. Cep: 04143-010

(5). Professora do curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da FMUSP, e-mail: carmen.miziara@hc.fm.usp.br

(6). Professor Titular do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da FMUSP, e-mail: ivanmiziara@gmail.com

Introdução: O trauma cranioencefálico (TCE) em pacientes pediátricos é causa de alto percentual de internações no país, com consequentes morbimortalidade. Esse estudo teve o objetivo de descrever as taxas de internações e mortalidade por TCE em crianças e adolescentes, de acordo com as regiões brasileiras, de 2018 a 2020.

Métodos: Estudo ecológico com dados de internações sobre traumatismo intracraniano – lista de morbidade CID-10 – obtidos no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde – DATASUS – Morbidade Hospitalar do SUS por local de ocorrência, após 2008. Os dados foram analisados: Teste de Shapiro-Wilk – determinação da normalidade e testes U de Mann-Whitney, Pearson, Spearman ou Odds Ratio conforme indicações. Foi considerado significante o p valor <0,05. Análises feita pelo SPSS® versão 22.2.

Marco conceitual: O grupo masculino é relativamente mais propenso à ocorrência de TCE e com maiores chances de óbito, principalmente aqueles da região nordeste.

Resultados: Foram analisados 23.454 dados de internações (9.253/2018, 8.731/2019 e 5.274/2020) e 836 de óbitos (306/2018, 276/2019 e 254/2020). Em todas as regiões do país, houve predominância de internações: do sexo masculino (65%; p=0,001), com chances 2 vezes maior de óbitos comparado ao feminino (OR=2,005; IC95%: 1,693 – 2,373; p<0,001); da faixa etária de 0 a 14 anos (75%; p<0,001); e de cor de pele parda (41%; p<0,001). Quando analisados por regiões, vemos que os óbitos foram significativamente maiores na Região Nordeste (p<0,001), mas sem diferença entre os sexos, e nas regiões sudeste e sul a cor de pele branca foi mais prevalente (50% e 74,9%, respectivamente; p<0,001 em ambas. Comparando os anos estudados (2018 a 2020), a taxa de óbitos se manteve relativamente constante em todas as regiões.

Considerações Finais: No estudo, tanto as internações quanto os óbitos predominaram em pessoas de cor parda, mostrando dados congruentes a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2019 em que mais de 46% da população declarou ser parda. Por questões sociais ou culturais, os homens compõem a maioria de internações por TCE e de pior prognóstico. Esses dados precisam ser discutidos nas áreas médicas e sociais, pois podem representar mortes evitáveis.


Referências bibliográficas

  1. ARAKI, T; YOKOTA H, MORITA A. Pediatric Traumatic Brain Injury: Characteristic Features, Diagnosis, and Management. Neurol Med Chir (Tokyo) v. 57, n.2, p. 82–93, 2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28111406/. Acesso em: 21 de Maio de 2021.
  2. ASHA. American Speech-Language-Hearing Association. Pediatric Traumatic Brain Injury. Disponível em: https://www.asha.org/practice-portal/clinicaltopics/pediatric-traumatic-brain-injury/#collapse_1. Acesso em: 28 de Junho de 2021.
  3. IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua PNAD Contínua. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2019. Disponível em: . Acesso em: 16 de Maio de 2021.
  4. THURMAN, D. The epidemiology of traumatic brain injury in children and youths: A review of research since 1990. Journal of Child Neurology, v. 3, p. 20–27, 2016. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0883073814544363. Acesso em: 01 de Maio de 2021.