Os autores informam que não há conflito de interesse.
Herika Aparecida Brugugnoli Bento (1)
Natália Umeda (1)
Rosana Carbone Marques (1)
Silvane Pereira de Souza Santos (1)
Daniele Muñoz Gianvecchio (2)
Victor A. P. Gianvecchio (3)
Valéria M. S. Framil (4)
Eduardo Costa Sá (5)
Daniel Romero Muñoz (6)
(1) Médicas pós-graduandas em Medicina Legal e Perícia Médica pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
(2) Professora do Curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo eda Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
(3) Professor de Medicina Legal e Bioética da Faculdade de CiênciasMédicas da Santa Casa de São Paulo.
(4) Professora Colaboradora do Curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica pelaFaculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
(5) Professor Adjunto da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federalde São Paulo.
(6) Professor Sênior do Departamento de Medicina Legal, Medicina Social e do Trabalho e Bioética da FMUSP. Coordenadordo Curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP.
INTRODUÇÃO: O presente trabalho apresenta resultados e análise crítica da pesquisa desenvolvida acerca da violência contra pessoas idosas, em especial, em São Miguel Paulista, na Zona de Leste de São Paulo, com enfoque nos aspectos quantitativos e qualitativos. Problema de saúde pública, a violência contra idosos ainda nos dias atuais é de certa forma ignorada na sociedade. Descrito pela primeira vez em 1975, na Inglaterra, o reconhecimento de que idosos eram vítimas de violência no contexto familiar e institucional deu-se bem recentemente, na década de 80 para os homens e de 90 para mulheres. Quanto ao gênero, há prevalência do sexo feminino e as características das lesões corporais são: hematomas, equimoses e outras lesões em tecido mole e trauma dentário. Os homens idosos são vítimas de ações de instrumentos contundentes, com incidência maior de fraturas nos ossos da face.
OBJETIVOS: O objetivo deste trabalho é correlacionar com base nos dados e documentos pesquisados, as principais variáveis que resultaram nos elevados índices de violência contra o idoso que reclamaram atenção no ano de 2019. Segundo a Organização Mundial da Saúde, entende-se por maus-tratos e negligência como uma ação única ou repetida, ou ainda a ausência de uma ação devida, que causa sofrimento ou angústia, e que ocorre em uma relação em que haja expectativa de confiança. Estima-se que em 2025 no mundo teremos em torno de 1,2 bilhão de idosos e os estudos demonstram que a violência contra idosos trata-se de um problema universal.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo do tipo transversal, contemplando a análise dos dados parciais dos registros do SINAN* que contém informações quanto a incidência de violência doméstica em São Miguel Paulista, Zona de Leste de São Paulo.
RESULTADOS:
Foram registradas 2.226 ocorrências de violência contra idosos na cidade de São Paulo em 2019 no SINAN*. Em São Miguel Paulista (zona leste) foram um total de 99 ocorrências no período, sendo vítimas 59 mulheres e 40 homens. Nesse grupo, 39,4% foram vítimas de violência outras vezes. Quando avaliada o tipo de violência, encontramos: 60,6% violência física, 32% psicológica, tendo como grupos mistos a negligência e violência financeira (22% e 11%) respectiva mente. A análise do meio de agressão mostra que 46 idosos sofreram espancamento, 4 foram vítimas de envenenamento, em 3 casos foram usados objetos perfuro-cortantes e em 2 casos foram usados objetos contundentes.
O sexo masculino foi mais frequente como agressor aos idosos (34%). Quanto ao grau de parentesco, observou-se que daqueles que responderam, 12% das vítimas sofrem agressão dos companheiros/esposos. Em 13 casos, o agressor estava alcoolizado.
CONCLUSÕES/CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN é alimentado, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória (Portaria de Consolidação nº 4, de 28 de Setembro de 2017). É, portanto, um instrumento relevante para auxiliar o planejamento da saúde, definir prioridades de intervenção, além de permitir que seja avaliado o impacto das intervenções. Como instrumento na avaliação da violência ao idoso, foram obtidos importantes resultados.
Na avaliação objeto deste trabalho, observamos que o sexo feminino é o mais prevalente, a violência física é muito mais frequente que outros tipos e que o agressor do sexo masculino é bastante presente.
Dada a importância de prevenir comportamentos que violam os direitos dos idosos nas mais variadas formas de violência, o conhecimento dos dados abrangentes possibilita o planejamento das intervenções necessárias a partir dos pontos mais urgentes.
Referências bibliográficas
- SOUZA JAV, Freitas MC, Queiroz TA. Violência contra idosos: análise documental. Rev Bras Enferm 2007 – maio-jun; 60(3): 268-7;
- ABATH, Marcella de Brito; Leal, Márcia Carréra Campos; Filho, Djalma Agripino de Melo. Fatores associados à violência doméstica contra a pessoa idosa. Programa Integrado de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Departamento de Medicina Social. Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE, Brasil;
- CORREIA, Thyago Moreira Paranhos, et all. Perfil dos idosos em situação de violência atendidos em serviço de emergência em Recife-PE. Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Medicina Social. Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE, Brasil.
- DIAS, Isabel. Envelhecimento e violência contra os idosos Sociologia: Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, vol. XXV, 2005, pp. 249-273 Universidade do Porto Porto, Portugal.
- DIAS, Leonardo Jacinto. Traumas maxilofaciais decorrente de violência: etiologia e características das lesões no Brasil / Leonardo Jacinto Dias. – Governador Mangabeira – BA, 2019