Os autores informam que não há conflito de interesse.
Tamara Durci Mendes (1)
Renato Maduro Pereira (1)
Fabio Vicentim Portes de Almeida (1)
Daniele Muñoz (2)
Eduardo Costa Sá (2)
Daniel Romero Muñoz (3)
(1) Médicos pós graduandos em Medicina Legal e Perícia Médica (MLPM) pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP);
(2) Professores Colaboradores do Curso de Especialização em MLPM da FCMSCSP;
(3) Coordenador do Curso de Especialização em MLPM da FCMSCSP.
INTRODUÇÃO: Em janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o surgimento de uma nova doença provocada por um vírus do tipo coronavírus – a Covid-19. Foi considerada uma emergência de saúde pública de interesse internacional, com alto risco de se espalhar para outros países ao redor do mundo. Em março de 2020, a OMS avaliou que a Covid-19 caracterizava-se como uma pandemia¹.O aumento dos sintomas psíquicos e dos transtornos mentais durante a pandemia pode ter ocorrido por diversas causas. Dentre elas, pode-se destacar a ação direta do vírus da Covid-19 no sistema nervoso central, as experiências traumáticas associadas à infecção ou à morte de pessoas próximas, o estresse induzido pela mudança na rotina devido às medidas de distanciamento social ou pelas consequências econômicas, na rotina de trabalho ou nas relações afetivas e, por fim, a interrupção de tratamento por dificuldades de acesso1.Esses cenários não são independentes. Ou seja, uma pessoa pode ter sido exposta a várias destas situações ao mesmo tempo, o que eleva o risco para desenvolver ou para agravar transtornos mentais já existentes¹.A ideação suicida, a tentativa de suicídio e a morte por suicídio compõem o comportamento suicida, e compreendem as ações relacionadas a intenção voluntária para o autoextermínio, de modo gradual².O enforcamento é modalidade de asfixia mecânica determinada pela constrição do pescoço por um laço cuja extremidade se acha fixa a um ponto dado, agindo o próprio peso do indivíduo como força viva³.
OBJETIVOS: Avaliar a situação dos óbitos por enforcamento durante o período da pandemia no Estado de São Paulo.
MÉTODOS: Este é um estudo descritivo retrospectivo. Foram coletados dados os dados no site da Secretaria de Segurança Pública, através do portal da transparência, analisando os óbitos do IML (https://www.ssp.sp.gov.br/transparenciassp/).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram analisados os dados mensais de maço de 2020 a março 2022. Foram registrados 814 óbitos por enforcamento em 2020, 914 em 2021 e 299 até março de 2022. Para fins de comparação, analisou-se os mesmos dados dos anos anteriores e foram encontrados um total de 763 no ano de 2019, e 748 no ano de 2018. O aumento do número de casos de enforcamento, um tipo de morte violenta tipicamente suicida, infere o impacto de uma situação estressante do ponto de vista da saúde mental. Os dados disponíveis mostram que em situações de quarentena e isolamento físico, o risco de suicídio aumenta significativamente4. A Pandemia proporcionou uma situação nova, com experiências traumáticas, estresse induzido pela mudança na rotina, medidas de distanciamento social, consequências econômicas, alterações na rotina de trabalho e nas relações afetivas.
Foram analisados os dados mensais de maço de 2020 a março 2022. Foram registrados 814 óbitos por enforcamento em 2020, 914 em 2021 e 299 até março de 2022. Para fins de comparação, analisou-se os mesmos dados dos anos anteriores e foram encontrados um total de 763 no ano de 2019, e 748 no ano de 2018. O aumento do número de casos de enforcamento, um tipo de morte violenta tipicamente suicida, infere o impacto de uma situação estressante do ponto de vista da saúde mental. Os dados disponíveis mostram que em situações de quarentena e isolamento físico, o risco de suicídio aumenta significativamente4. A Pandemia proporcionou uma situação nova, com experiências traumáticas, estresse induzido pela mudança na rotina, medidas de distanciamento social, consequências econômicas, alterações na rotina de trabalho e nas relações afetivas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Houve um aumento no número total de óbitos por enforcamento no Estado de São Paulo durante o período da pandemia comparado com os anos anteriores (2018 e 2019). O comportamento suicida possui uma abordagem multifatorial, já que diversos fatores estão envolvidos no desenvolvimento ou exacerbação dos quadros.
Referências bibliográficas
- https://bvsms.saude.gov.br/saude-mental-e-a-pandemia de-covid-19/
- World Health Organization. Preventing suicide: aglobal imperative. Geneva: WHO; 2014.
- CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8Ed. 2012.Pg. 395
- Thakur V, Jain A. COVID 2019-suicides: Aglobal psychological pandemic. Brain Behav Immun. 2020Aug;88:952-953. doi: 10.1016/j.bbi.2020.04.062. Epub2020 Apr 23.