Os autores informam que não há conflito de interesse.
Mary Laura Garnica Perez Villar (1)
Luciana Azevedo (2)
Eduardo Furtado da Costa Henrique (3)
Marcelo Kolblinger de Godoy (4)
Juscelino Lemos Santos Junior (5)
Luciano Gonçalves Correa (6)
Ana Maria Fernandes Pina Monteiro Tarrafa (7)
(1) Perito Legista, Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Brasil, autor
principal
(2) Perito Odontolegista , Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Brasil, co
autor principal
(3) Técnico de necropsias, Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Brasil,
colaborador
(4) Perito Legista, Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Brasil, colaborador.
(5) Perito Papiloscopista, Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Brasil,
colaborador.
(6) Perito Papiloscopista, Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Brasil,
colaborador.
(7) Inspetora de polícia, Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Brasil,
colaborador
O artigo apresenta uma análise dos eventos trágicos ocorridos em Petrópolis, Brasil, nos dias 15 de fevereiro e 20 de março de 2022. Nessas datas ocorreram chuvas intensas que provocaram inundações e deslizamentos de terra. Toda a cidade foi afetada, resultando em um total de 240 vítimas fatais. A pesquisa destacou o trabalho da equipe da Polícia Técnico Científica do Estado do Rio de Janeiro, que enfrentou a situação de forma inovadora e com resposta rápida. Petrópolis é uma cidade localizada na região serrana do Rio de Janeiro. Possui uma população de cerca de 307.144 habitantes. Desse total, 72.070 estavam expostos ao risco devido às condições climáticas e geográficas. O desastre causado pelo grande volume de chuva, tornou-se um desafio para as autoridades.
O perfil das vítimas foi analisado individualmente. Essa avaliação inclusive de seus perfis nas redes sociais, muitas contendo fotos do mesmo dia da tragédia o que colaborou na descrição do vestuário. A equipe realizou a coleta de informações detalhadas sobre as pessoas desaparecidas, através de entrevista dos familiares e amigos, incluindo a análise de fotos em perfis sociais. O fornecimento de linhas de celular com whatsapp para a inclusão de fotos dos desaparecidos, elementos secundários utilizados como auxiliares na identificação das vítimas foi essencial para o processo.Vários indicadores foram utilizados para essa triagem e para a subsequente apresentação ao confronto papiloscópico.Dentre os marcadores usados para as diversas análises, tais como: sexo, idade/faixa etária, raça, biotipo facial, proporção de rugas dos terços da face, ponta nasal, distancia interalar (base nasal), padrão de rugas, tipo de cabelo (cor, comprimento, apliques, descoloração, implantação frontal), projecao mentual, base mandibular, sinais de nascença, presença de tatuagem (localizacao e desenho) cicatrizes ( localizacao e formato), uso de aparelhos ortodonticos, uso de próteses totais ou parciais ( próteses mamárias), aparelho auditivo, formato do pavilhão auricular, tipo de lóbulos da orelha, apinhamentos dentários, alteração de cor e formato de dentes.
Tal rastreio foi fundamental para a necropapiloscopia, que foi responsável pela identificação final de mais de 90% dos vitimados.
O trabalho em equipe, envolvendo diferentes setores, foi imprescindível para a gestão da tragédia. A acolhida e coleta de informações sobre as pessoas desaparecidas também foram fundamentais para o processo de identificação, norteando muitas avaliações de importância identificatória.
A implementação de serviços inovadores e a colaboração entre diferentes setores foram fundamentais para o sucesso da identificação das vítimas e do manejo da situação. O presente trabalho sugere a implementação protocolar destas inovações incluindo o uso de inteligência artificial, implementações estas que vêm sendo organizadas pela atual gestão.
Em conclusão, o trabalho desenvolvido pela equipe da Polícia Técnico Científica da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro em resposta à tragédia de 2022 reflete a importância de uma ação rápida e coordenada em situações de desastres. A utilização de protocolos inovadores, a colaboração entre diferentes setores, a adoção de tecnologias e redes sociais, foram cruciais para o sucesso da identificação das vítimas e do manejo da situação. Além disso, a empatia e solidariedade demonstradas ao acolher as famílias das vítimas foram aspectos fundamentais para lidar com a delicada situação emocional decorrente da tragédia.
Os indicadores utilizados para essa triagem que foram coletados de diversas fontes, tais como fotos e informações fornecidas por familiares, amigos e redes sociais, demonstraram ser ricos em dados úteis para o subsequente confronto papiloscópico. Todos os registros foram minuciosamente estudados, possibilitando a extração de informações de caráter antropológico, tais como as características faciais e auriculares bem como as características secundárias como o uso de aparelhos auditivos, que conduziram ao processo identificatório.