Os autores informam que não há conflito de interesse.
O éster de glicol é um composto altamente tóxico, utilizado principalmente como anticongelante em sistemas de refrigeração industrial, ele não entra diretamente em contato com produtos alimentícios ou farmacêuticos, mas é crucial para diminuir o ponto de congelamento dos fluidos refrigerantes. Apesar de eficiente, seu uso requer extrema precaução devido à sua alta toxicidade ao organismo humano.
A intoxicação por éster de glicol é rara no Brasil, geralmente ocorrendo por contaminação inadvertida de alimentos ou medicamentos, podendo levar a quadros graves e até fatais. Este trabalho ilustra um caso cujo desfecho foi morte por ingestão desse composto. A perícia, pelas particularidades e a infrequência de casos que perpassam a rotina do médico legista, foi realizada com grande dificuldade no que se refere à compreensão dos fatos e aos efeitos do veneno no organismo.
A complexidade da intoxicação por éster de glicol dificulta tanto o diagnóstico quanto a investigação criminal, dado que padrões específicos de comparação são escassos na literatura. Este relato destaca a importância de protocolos precisos de investigação toxicológica para casos similares, e na ausência deles, sirvam como embasamentos para que médicos legistas elaborem suas hipóteses, visando melhorar a eficácia das respostas periciais em situações de emergência. Ressalta -se, também, a importância do diálogo do médico legista com os peritos criminais, com os familiares, e em caso de sobrevida em ambiente hospitalar, com o médico responsável pelo cuidado. Essa análise conjunta, é fundamental para o entendimento da dinâmica do caso e elaborar um laudo pericial de qualidade.